27 de jul. de 2012

GABRIEL SATER APRESENTA O SHOW “A ESSÊNCIA DO AMANHECER”

Dia 11 de agosto, sábado, o cantor, compositor e instrumentista Gabriel Sater apresenta em Ourinhos músicas de seu último disco, A Essência do amanhecer. Além das músicas regionais chamadas raiz, o músico e sua banda mostram influências da música latina, porteña, africana, cigana, e também do jazz. A apresentação é gratuita e começa às 20h30 no Teatro Municipal Miguel Cury.

Gabriel une músicas folclóricas a composições eruditas, tangos, bossa nova e guarânias. No repertório do show o público apreciará músicas  como  Tocando  em  Frente  (Almir  Sater  e  Renato Teixeira), Romaria (Renato Teixeira), Ponteio (Edu Lobo e Capinam), Mercedita (Ramon Xisto Rios), La Cumparsita (G. M. Rodriguez), Rio  Paraguai  (Geraldo  Roca),  Maria  Maria  (Milton  Nascimento  e  Fernando Brant), Disparada (Geraldo Vandré e Theo De Barros) e outros tantos sucessos, além das músicas de seus dois CDs lançados – “Gabriel Sater Instrumental” e “A Essência do Amanhecer”.
Gabriel inclui em seu repertório choros  de  Ernesto  Nazaré,  João  Pernambuco e Elpídio dos Santos, obras de grandes músicos que exaltaram a cultura latina, como tangos de Piazzolla e Gardel, chamamés de Cocomarola e irmãos Flores, peças eruditas de Agustín Barrios, rumbas de Vicente Amigo, além de valsas e sambas.

Gabriel é filho do violeiro Almir Sater, nasceu em São Paulo, viveu no Mato Grosso do Sul e Pantanal e completou seus estudos nos Estados Unidos – vivência que se reflete em seu trabalho. Completando 10 anos de carreira ele já atuou com nomes como Renato Teixeira, Fafá de Belém, Zeca Baleiro, Paulinho Moska, Chico Lobo, Andreas Kisser, Pena Branca, além de importantes artistas sul-matogrossenses.

Este espetáculo faz parte da programação do Circuito Cultural Paulista. Este programa é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura em parceria com a Prefeitura de Ourinhos e coprodução da Associação Paulista de Amigos da Arte. Mais informações pelo telefone 14 3302 3344.

23 de jul. de 2012

AGOSTO É O MÊS DA LEITURA EM OURINHOS

Com sua programação praticamente definida, o 4º A(o)gosto das Letras será realizado entre os dias 21 e 26 de agosto. Em apenas quatro edições o A(o)gosto já se configura como o principal festival literário da região, com a presença de vários escritores convidados, oficinas, contação de histórias, lançamentos e shows. Já confirmaram presença os escritores Luiz Ruffato, Michel Laub, Paulo César Araújo, Edinha Diniz, Ivana Arruda Leite e Índigo. Todos eles participarão de mesas e conversaram com o público sobre temas como biografias, ficção e memória e literatura para jovens. O escritor e contador de histórias Ilan Brenmam coordena um bate-papo sobre a formação de leitores, com a participação de pais e educadores.

Michel Laub é um dos escritores confirmados.
Jorge Amado será o autor homenageado e a programação traz uma série de referências à sua obra. O sociólogo Fernando Nogueira coordenará a oficina ‘A cozinha de Jorge Amado’, destacando a culinária baiana presente em seus livros. Leituras encenadas e a exibição de um documentário também lembram o escritor no centenário de seu nascimento. A escritora Fernanda Saraiva Romero também será homenageada. Autora de livros para crianças e responsável pela formação de muitos leitores em Ourinhos, Fernanda participará de bate-papo sobre a sua obra e aproveita para lançar seu quarto livro, também direcionado ao público infantil.

Já estão confirmados também os shows de Celso Viáfora, Luiz Pinheiro e Paulo Freire, que acontecerão sempre após os encontros com os escritores no PUB 744. Para as crianças tem também o A(o)gosto das Letrinhas, um dia recheado de atividades, com contação de histórias, teatro de bonecos, oficinas e brincadeiras, sempre tomando a literatura como inspiração.

O 4º A(o)gosto das Letras é resultado de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Associação de Amigos da Biblioteca Pública (AABiP), com apoio do ProAc, Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo.  Confira a programação completa na próxima edição do Balaio.

21 de jul. de 2012

NESTE SÁBADO ORQUESTRA DO FESTIVAL SE APRESENTA COM CORO CÊNICO

Hoje, 21 de julho, é o último dia do 12º Festival de Música de Ourinhos. O evento, que começou domingo (15) com o espetacular Antonio Nóbrega na praça Mello Peixoto, ofereceu uma semana de música de alta qualidade, além de muito estudo para os mais de 400 músicos inscritos nos cursos.
O encerramento do Festival acontece hoje à noite, às 20h30, no Teatro Municipal Miguel Cury. Os regentes Benito Juarez e Gisele Cruz estão novamente em Ourinhos compondo o corpo docente de mais um Festival de Música. Juarez, professor de Prática de Orquestra no evento, e Gisele, responsável pelos cursos de Didática do Coro Infantil e  Prática de Coro, Adulto e Infantil, prepararam o concerto que encerra o 12º Festival de Música de Ourinhos hoje no Teatro.

Gisele desenvolveu com os alunos nesta semana, acompanhada do preparador corporal Rodrigo Spina, um trabalho que vai apresentar um Coro Cênico  para o concerto de hoje à noite. A Orquestra, formada exclusivamente por alunos participantes do curso, terá a oportunidade de acompanhar este coro em um repertório que foi preparado durante esta semana de estudos.

O maestro Benito Juarez já foi seis vezes escolhido como melhor regente do Estado de São Paulo pela Associação Paulista de Críticos de Artes - APCA - recebeu dessa entidade o “Grande Prêmio da Crítica”. Neste curso de uma semana em Ourinhos, Benito propõe um repertório variado, com Clássico, Romântico, Moderno e Contemporâneo de autores populares, brasileiros e internacionais.

Gisele Cruz é bacharel em música pelo Instituto de Artes da UNESP. Estudou regência coral e educação musical e coordena as atividades vocais do Centro de Música do SESC Vila Mariana, desde 1985. É regente do Coral Juvenil da ONG Instituto Baccarelli, e dos corais infantil e juvenil do Colégio Dante Alighieri, com o qual já foi duas vezes premiada. Sua atividade pedagógica inclui a participação em de Festivais de Música, workshops e cursos para regentes corais e professores de música.

20 de jul. de 2012

CHORO DO SÉCULO XXI HOJE NO TEATRO MUNICIPAL

Hoje, dia 20, o encontro de alguns dos mais atuantes e representativos músicos de choro da atualidade levará ao palco do XII Festival de Ourinhos um repertório totalmente inédito e uma panorâmica da obra contemporânea do choro, abrangendo vários ritmos que constroem a linguagem. Composições como Influente, de Cristóvão Bastos, Meu Sax sorriu, de Nailor Proveta e Maurício Carrilho, e Mensageiro, de Pedro Paes, são algumas das composições que serão interpretadas por seus próprios autores e ainda contando com a participação de Luciana Rabello, Paulo Aragão, Aquiles Moraes e Marcus Thadeu. A apresentação começa às 20h30 no Teatro Municipal Miguel Cury.
Em um papo descontraído com a equipe do jornal Balaio Cultural, Maurício Carrilho fala sobre o choro da atualidade, a Escola Portátil de Música no Rio de Janeiro, dirigida por ele e composta pelos principais músicos do gênero, herdeiros do tradicional choro carioca e também sobre as dificuldades em inserir a boa música brasileira em meios de comunicação populares, confira:

Qual a diferença do choro produzido antigamente, anos 40 e 50, para o choro contemporâneo? Como é aceitação do público atual?
Os anos 40 representam um marco para a forma clássica do choro. Tivemos as gravações de Benedito Lacerda e seu Regional com Pixinguinha que são, até hoje, referência para quem se interessa por esse gênero. Nos anos 50 o choro viveu um momento muito rico de renovação de sua estrutura harmônica e melódica, com o trabalho de Garoto, Radamés Gnattali, Moacir Santos, Altamiro Carrilho.
Hoje temos outras gerações em atividade. Depois de um período de grande dificuldade, vivido entre a segunda metade dos anos 80 até o início dos anos 2000, o choro vive um dos períodos mais promissores de sua história centenária. Observamos o surgimento de músicos extraordinários além do avanço na produção de instrumentos de qualidade, organização de material didático, levantamento de repertório e discografia dos grandes mestres e uma produção contínua, numerosa e de ótima qualidade por parte de vários compositores. Melódica e harmonicamente o choro evoluiu muito nos últimos anos. Mas acho que isso só será percebido pelas pessoas daqui a uns dez, vinte anos. Infelizmente ainda há uma grande dificuldade em se fazer uso democrático dos meios de comunicação no Brasil. Existe um sistema
corrompido e viciado que se alimenta da ausência de conhecimento e senso crítico para veiculação de "produtos culturais" sem nenhum conteúdo, deixando de lado o que é produzido de melhor em nossa música.

A Escola Portártil de Música é um dos principais núcleos do choro carioca. Como é esse ambiente de estudo que reúne jovens músicos no Rio de Janeiro?
A Escola Portátil de Música é um projeto que existe há 12 anos. Oferece a oportunidade de estudo prático e teórico da linguagem do choro. Contamos com mais de 1000 alunos inscritos regularmente em 2012, além de vários estudantes de fora do Rio que frequentam aulas avulsas. Acho que além de formar músicos, platéia de qualidade e transformar a cena musical carioca, a EPM deu aos jovens músicos estudantes de choro consciência da importância desta música, elevando sua auto-estima, seu orgulho em tocar Música Brasileira. Isso está fazendo muita diferença.

Como é o interesse dos músicos de outros países pela linguagem do choro? Existem projetos que possibilitem esse intercâmbio musical?
Outros projetos e escolas têm contribuído para o estudo de várias linguagens musicais, e mesmo do choro em particular. Te respondo de Toulouse, na França, onde estou participando, ao lado de dois professores da Escola Portátil de Música (Jayme Vignoli e Naomi Kumamoto), do 5º Encontro de Choro de Toulouse. Organizado pela Casa do Choro de Toulouse, este encontro contou com a participação de 60 alunos, músicos de choro vindos de várias cidades da França e de outros países europeus. Esta realidade é nova e mostra o interesse crescente pelo choro em vários países. O resultado do encontro foi muito bom e mostrou o progresso que jovens músicos franceses têm feito no choro.
 Maurício Carrilho é o músico convidado do 12º Festival

As homenagens a Pixinguinha e Maurício Carrilho no XII Festival de Música colocam o gênero do choro em evidência  2012. Se coube a Pixinguinha a tarefa de revelar o suingue e brasilidade de nossa música, Maurício ficou com a missão de consolidar esse trabalho. Sua atuação como violonista (de 6 e 7 cordas) e arranjador é reverenciada desde a estreia, no disco “Os carioquinhas no choro”.

Estudou com Meira, professor de Baden e Rafael Rabello. Segundo Hermínio Bello de Carvalho, Maurício é “discípulo natural de Radamés Gnatalli, de quem herdou o refinamento musical, o talento de esculpir um arranjo moderno e com sotaque brasileiro – e por isso mesmo universal”.

Seu trabalho como pesquisador teve como foco a obra de compositores nascidos entre 1850 e 1880, e resultou em duas coleções fonográficas fundamentais para o entendimento da história da música popular no Brasil: Princípios do Choro (15 CDs, lançada em 2002) e Choro Carioca: Música do Brasil (9 CDs, lançada em 2006).

Atua em diversas formações instrumentais, e fundou com Luciana Rabello e João Carino a Acari Records, a primeira e única gravadora especializada em choro.  Lançou por esse selo seu primeiro CD solo, intitulado Mauricio Carrilho. Em 2004 lançou outro disco só de composições próprias, Sexteto + 2, ao lado do Sexteto Mauricio Carrilho. Em 2007 veio Choro Ímpar, trabalho inovador só com composições feitas em compassos ímpares. Em 2005 impôs-se um desafio digno de poucos artistas: compor uma música por dia, durante um ano. Criou assim o Anuário do Choro, com centenas de choros, polcas, maxixes, valsas, schottischs etc. Em 2009 repetiu a dose, criando mais um anuário. Sua produção de compositor, só nos anos de 2005 e 2009, somou 810 músicas.

É fundador, coordenador e professor da Escola Portátil de Música, projeto de educação musical através da linguagem do choro. Atualmente a escola tem 28 professores e atende cerca de 850 alunos. Mauricio é presidente do Instituto Casa do Choro, instituição responsável pela Escola Portátil e que tem como principal objetivo o registro e a preservação de acervos e da memória da música popular carioca, em especial o choro.

Hermínio Bello de Carvalho em Sessão Passatempo, fala sobre Maurício Carrilho: “Não abro mão de sua criatividade, de seu violão perfeito, de sua estética moderna e profundamente brasileira nos trabalhos que faço. Pago esse preço com satisfação, até porque acredito no que o diretor Túlio Feliciano me contou: que já o viu, em pleno ensaio, aureolado por um halo divino, num daqueles momentos em que recebe essa entidade chamada música, que o ama com o mais absoluto fervor”.

19 de jul. de 2012

GRUPO CONVERSA RIBEIRA MOSTRA DIVERSIDADE DA MÚSICA CAIPIRA HOJE NO TEATRO

Nesta quinta, dia 19, a programação artística do Festival de Música começa às 15h no Centro Cultural Tom Jobim com apresentação do Coral Unicanto, a regência é de Regina Damiati. Às 20h nas igrejas Nossa Senhora Aparecida do Vagão Queimado e na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe tem  Concerto com alunos do Festival.
Às 20h30, no Teatro Municipal, o espetáculo Estrada do Sertão, do grupo Conversa Ribeira, traz Andrea dos Guimarães (voz), Daniel Muller (acordeon e piano) e João Paulo Amaral (viola caipira e voz), apresentando a síntese de um trabalho de pesquisa e criação no universo da música caipira.
Em seus arranjos, o trio conjuga o canto à viola caipira, ao acordeon e ao piano em uma busca por novas harmonias, dinâmicas e formas que estabeleçam diálogos vivos com a tradição. O grupo agrega à diversidade da música caipira, concepções contemporâneas das interpretações instrumentais e vocais, desenvolvidas no contato com outros universos musicais onde os integrantes do grupo também transitam, como o jazz, a música erudita e a moderna canção popular brasileira.
O repertório do espetáculo tem como base as canções registradas em seu 2º CD, atualmente em fase de produção e com lançamento previsto para o 2º semestre de 2012, e inclui desde clássicos consagrados da música caipira até composições inéditas dos integrantes do grupo, elaboradas a partir do contato com este universo cultural, além de obras de artistas de gerações mais recentes e que carregam elementos e temáticas relacionadas às músicas interioranas.

A ALMA PERENAL DO ARRANJADOR DA ALEGRIA

Henrique Cazes, pesquisador da obra de Pixinguinha, transformou o espetáculo da Orquestra no Teatro Miguel Curi numa viagem musical didática ao explicar para o público sua importância, entre uma e outra execução musical. “Pixinguinha estava no lugar certo, na hora certa. O Teatro de Revista foi seu ambiente de criação, seu laboratório de instrumentação para algo que ainda não existia. Coube a ele descobrir como fazer a música brasileira tal qual a conhecemos hoje em dia, com um jeito dançante. Foi o maestro do carnaval. O arranjador da alegria da música brasileira”.

MAESTRO PORTUGUÊS DEFENDE EDUCAÇÃO MUSICAL DAS CRIANÇAS PARA FORMAR PÚBLICO E MÚSICOS

Para o maestro português Paulo Clemente, as bandas podem cumprir papel fundamental na formação de músicos e de público para a música. Ele ministrou palestra no XII Festival de Música de Ourinhos nesta quarta-feira, 18 de julho, abordando a formação de novos músicos. Clemente está no Brasil intercambiando experiências com bandas brasileiras, em especial junto à Banda Municipal de Laranjal Paulista, regida pelo maestro Fúlvio Scarme. Mestre em Estudos da Criança em Educação Musical, Clemente é Maestro da Banda Sociedade Filarmônica Vermoilense e Diretor Pedagógico na Escola de Música em Pombal, Portugal.

Comentando a história das bandas em seu país, Clemente relatou que surgiram no século XIX e que a maioria dos fundadores foram padres, que queriam as bandas tocando em cerimônias religiosas. Até hoje elas tocam nas missas e nas “ruadas”, para divulgar as festas religiosas. Outra influência na formação das bandas foram os militares, os primeiros maestros, que levaram para as bandas a tradição das fardas como indumentária. Trata-se de uma história relacionada também com a história do Brasil, pois a muitas das bandas foram fundadas em 1821, após a volta do D. João VI à Portugal.

O Maestro Clemente atribui às bandas terem sido e serem ainda as escolas onde os mais pobres aprendem música. E como aqui no Brasil, também lá em Portugal são grandes as dificuldades da educação musical. Antes da década de 1990 os maestros das bandas eram os formadores musicais e ensinavam todos os instrumentos, com agravante de serem instrumentos muito ruins, e de custo alto, o que prejudicava a qualidade do aprendizado.

Mas graças às bandas e seu papel de difusão musical, cresceram os interessados em estudar. “Foi então que começamos a fomentar a importância da formação e a contratar professores músicos para ensinar os vários instrumentos às crianças”, relata o maestro. “Percebemos, inclusive, que era importante cobrar dos pais uma mensalidade, pois eles não se interessavam em acompanhar e valorizar o que era de graça”.

Ao encarar o ensino da música para as crianças, a experiência portuguesa montou escolas e defrontou-se com a lacuna na própria formação dos professores, que não estavam capacitados para ensinar aos pequeninos. “Mesmo os fabricantes de instrumentos precisam pensar nisso, pois os instrumentos não têm tamanho adequado aos pequenos e é das crianças que virão os futuros músicos e ouvintes”, opina Paulo Clemente.
Alertas muito importantes foram dados pelo educador musical português, entre elas a de que os professores de música não podem pensar em educar apenas os alunos com maior talento. Não podem esquecer-se de que devem conquistar o interesse das crianças e que isso implica que elas se divirtam com a música. “Se pensamos apenas em tocar muito bem e ninguém nos ouve, o que adianta? A existência de um bom público é que estimula nossa evolução.”

Com simplicidade e a sabedoria testada pela boa experiência, Clemente sintetiza sua organização educativa: “quero andar devagar para que as pessoas percebam a caminhada. Trabalho primeiro para que a valorização venha em seguida”. Alerta para que a riqueza da música não seja avaliada apenas em termos monetários e de retorno imediato. A formação musical começa a refletir positivamente apenas em 20 anos ou mais, formando crianças como músicos e como público. No caso do Brasil, Clemente dá sua opinião: “vocês têm um imenso potencial que não exploram. Podem mover montanhas. Se apostarem na iniciação das crianças vão colher muitos resultados, e não podemos depender só do Estado”.

18 de jul. de 2012

HOJE É A NOITE DO JAZZ COM SIZÃO MACHADO SEXTETO E O SHOW A BENÇÃO MAESTRO MOACIR SANTOS

Ontem, dia 17, a Orquestra Pixinguinha apresentou no Teatro Municipal repertório do músico homenageado pelo 12º Festival de Música. Hoje, dia 18, a programação do Festival de Música começa às 10h30 no Centro Cultural Tom Jobim com um encontro com o maestro português Paulo Alexandre de Jesus Clemente. Ele conversa com o público sobre a formação de novos músicos e a sua permanência na banda. No período da tarde serão exibidos os documentários El Sistema, de Paul Smaczny e Maria Stodmeier, Pixinguinha e a velha guarda do samba, de Thomaz Farkas e Ricardo Dias e Nós somos um poema.
Às 20h30 no Teatro Municipal Miguel Cury acontece um dos shows mais esperados da programação do 12º Festival, o Sexteto Sizão Machado apresenta  A Benção, maestro Moacir Santos. Neste trabalho o músico Sizão desenvolve arranjos e adaptações das composições de Moacir Santos para uma formação de sexteto, com três sopros, procurando manter a maior fidelidade possível à sonoridade original.
O sexteto que homenageia Moacir Santos é formado por Sizão Machado (concepção, arranjos e contrabaixo), Carlos Ezequiel (bateria), Fabio Leandro (piano), Josué dos Santos (sax barítono e flauta), Vitor Alcântara (sax alto) e Walmir Gil (trompete).
Sizão já foi professor do festival por vários anos, nesta edição é professor no curso de Prática de Big Band. Criador de uma linguagem musical única, que vai muito além do universo de seu instrumento, o contrabaixista Sizão Machado é reconhecido nacional e internacionalmente, por suas atuações ao lado de Chet Baker, Herbie Mann, Elis Regina, Jim Hall, Chico Buarque, Dori Caymmi, Djavan, Milton Nascimento, Ivan Lins, Flora Purim, Airto Moreira e muitos outros. Além de sua atuação pelos palcos do mundo, Sizão participou da gravação de mais de uma centena de discos com os mais variados artistas, nacionais e internacionais. Na Carolina do Sul gravou o trabalho de Paul Winter, o cd Crestone, ganhador do Grammy de melhor álbum, categoria New Age de 2008. Com o saxofonista realizou shows no Clearwater Festival e um concerto na Catedral de Saint John The Devine, em Nova York.
Atualmente Sizão apresenta seu trabalho com formações variadas ao lado de grandes instrumentistas e acompanha as apresentações e gravações do Quinteto Sambazz, Terrêro de Jesus, Regra de Três, Lumina, Renato Braz, Dori Caymmi, Celso Viáfora, Wilson das Neves, Heraldo do Monte e Alessandro Penezzi e Cesar Camargo Mariano.
Nesta apresentação em Ourinhos, Sizão estará acompanhado dos músicos Carlos Ezequiel, que  é compositor e produtor musical, do pianista Fábio Leandro que já se apresentou com grandes nomes como Filó Machado, Dominguinhos, Ricardo Herz, Arrigo Barnabé, entre outros, do saxofonista e flautista Josué dos Santos, que foi aluno de Roberto Sion, Hector Costita, Izidoro Longano (Bolão) e Vinícius Dorin. Atualmente é membro da Banda Mantiqueira, Soundscape Big Band e Banda Savana. O quinto integrante é o Saxofonista Vítor Alcântara, que já participou da Orquestra Jazz Sinfônica e integrou a Banda Mantiqueira por doze anos. E o sexteto fica completo com Walmir Gil é um dos mais notáveis trompetistas brasileiros e que também será professor do festival neste ano.

Moacir Santos, Não és um só, és tantos. 

Homenageado por Vinicius de Moraes em seu Samba da bênção – "A bênção, maestro Moacir Santos/ Não és um só, és tantos/ Como o meu Brasil de Todos os Santos/ Inclusive meu São Sebastião" – o compositor, arranjador e multiinstrumentista pernambucano Moacir Santos foi o inspirador da obra de grandes nomes da música brasileira como Baden Powell, Sergio Mendes, Airto Moreira, Dori Caymmi, Paulo Moura, Sizão Machado, Nailor Proveta, Mauricio Carrilho, e tantos outros que foram seus alunos ou beberam de sua fonte.
Wynton Marsalis, um dos maiores trompetistas do jazz contemporâneo, o compara a ninguém menos que Beethoven, pela inventividade, e a Duke Ellington, pela clareza de seus arranjos.
No princípio Moacir fazia arranjos intuitivamente, sem conhecer as regras. Só anos mais tarde, vale lembrar, o maestro estudou teoria musical com o famoso Guerra Peixe, e depois com o compositor alemão Koellreutter, de quem se tornou assistente. Após 30 anos morando em Los Angeles, Moacir teve sua obra resgatada no Brasil com um disco feito pelos instrumentistas Zé Nogueira e Mario Adnet, que garimparam composições revolucionárias da obra do maestro. Foram lançados no Brasil trabalhos sensacionais como Coisas (gravado em 1965, remasterizado e relançado em 2005), Ouro negro (em CD e DVD) e Choros & alegria.

17 de jul. de 2012

FESTIVAL INSPIRA ESCOLA E BANDA DE PARAGUAÇU PAULISTA

Entre as coisas mais interessantes do XII Festival de Música de Ourinhos está a garimpagem das histórias que as pessoas participantes têm com o Festival. É aí que se percebe como ele é ponto de convergência de expectativas e de irradiação de experiências. De Paraguaçu Paulista, por exemplo, veio um grupo de dezoito pessoas, quatorze delas bolsistas e monitores da Escola Municipal de Música da cidade e outras quatro envolvidas com projetos musicais por lá.

O Festival de Música de Ourinhos é marcante na trajetória musical da cidade, pois os músicos que hoje alimentam a Escola o frequentam desde a primeira edição, doze anos atrás. “A cada Festival estamos bebendo na fonte, nos reciclando, buscando materiais e novos arranjos que alimentam a escola”, conta Ivete Maria Sebastião, que coordena o grupo.

Músicos de Paraguaçu Paulista contam experiências no Festival de Música.
A história musical de Paraguaçu vem de uma banda de coreto, que já tem 72 anos. Hoje em dia funciona como uma big band, com o nome de Lira Maestro Roque Soares de Almeida, homenageando seu inspirador. A banda mantém a execução de seus dobrados tradicionais e está mais forte do que nunca, tanto que a evolução de seu trabalho musical deu origem à Escola de Música da cidade, que atende atualmente mais de 300 alunos. Em 2012 ganhou um prédio novo, do qual o pessoal se orgulha e que mostra o poder público reconhecendo o trabalho feito. Nessa trajetória, foi aqui no Festival que os músicos vieram adquirir conhecimentos e métodos, coisa que apontam como determinante para suas experiências.

Agora no XII Festival, o grupo de Paraguaçu se divide entre os mais variados cursos, como Prática de Big Band, Canto, Práticas de Repertório, Teoria Musical e práticas de instrumentos como clarinete, sax e trompete, tanto elementares como avançadas. Procuram sorver e aproveitar o máximo que podem.

Carlos Roberto está fazendo Práticas de Repertório. Ele veio todos os anos, menos em 2002 e diz que cada ano entra em contato com materiais e percepções novas. Diz que este ano o Festival está diferente, exigindo conhecimentos mais avançados. Aparecido José de Almeida, neto do patrono da banda de Paraguaçu, cantor e violonista, está em seu terceiro ano de Festival e ressalta seu interesse pela teoria musical e a possibilidade de troca de ideias e a convivência com outros músicos de diferentes instrumentos que encontra aqui. Helaine Frenchini Machado é professora de musicalização na Escola de Música de Paraguaçu e começou no Festival seu aprendizado de musicalização infantil. Levou para lá o conhecimento que está trabalhando na iniciação à flauta doce. Ressalta que a experiência em Ourinhos é concentrada, com muita informação de uma vez, que eles vão detalhando aos poucos. João Luiz Esteves, baterista, está fazendo Prática de Big Band e Prática de Choro. Diz que a cada ano o Festival é diferente para ele, pelo contato com professores e arranjos novos. Destaca a interação dos músicos e as trocas de materiais que o Festival possibilita.

Quando perguntados pelo que consideram o ponto alto do Festival, quase todos respondem ao mesmo tempo: as canjas. E explicam porque: “é o ambiente de interação e socialização dos músicos. É onde cada um toca e mostra o que já traz consigo. É onde liberamos geral”, concluem os animados músicos de Paraguaçu.

HOJE ORQUESTRA PIXINGUINHA APRESENTA REPERTÓRIO DO MÚSICO HOMENAGEADO NO TEATRO MUNICIPAL

Como neste ano o músico homenageado do Festival de Música de Ourinhos é Pixinguinha, nada mais natural do que termos, na programação artística do Festival, eventos que evoquem o legado do músico fluminense. A apresentação da Orquestra Pixinguinha hoje, dia 17 de Julho, no Teatro Municipal, é um destes eventos que buscam trazer para o Festival a memória e a produção artística de Alfredo da Rocha Vianna Filho .
Conforme o próprio nome antecipa, a Orquestra Pixinguinha se dedica a tocar o repertório de Pixinguinha. O projeto teve início em 1987, quando o músico, arranjador e pesquisador Henrique Cazes encontrou uma coleção de arranjos inéditos de Pixinguinha na Biblioteca Nacional. Parte dessa coleção foi gravada no ano seguinte, em disco que foi lançado no Brasil, Japão e França.
Graças ao sucesso do primeiro disco, o projeto, que originalmente não previa apresentações ao vivo, saiu do estúdio e ganhou os palcos. Ao longo dos anos 90, lançaram mais dois discos, inclusive um que foi lançado apenas no Estados Unidos e Japão; e se apresentou ao redor do mundo. Depois de um hiato de alguns anos sem atuar na década de 2000, a Orquestra retornou em 2010, com nova formação, mas ainda sob o comando de Henrique Cazes.
A formação atual da Orquestra Pixinguinha traz, além do já mencionado Henrique Cazes no cavaquinho e regência, os seguintes músicos: Andrea Ernest Dias (flauta e flautim), Nelson Oliveira (trompete), Delton Brega (trompete), Daniel Garcia (saxofone alto), Rui Alvim (saxofone alto e clarinete), Macaé (saxofone tenor), Fabiano Segalote (trombone), Eliezer Rodrigues (tuba), Paulão (violão), Oscar Bolão (bateria), Beto Cazes (percussão), e um convidado especial: Marcelo Vianna, neto de Pixinguinha, no vocal.

HENRIQUE CAZES,  PESQUISADOR DE PIXINGUINHA
Henrique Cazes fundou e dirige a Orquestra Pixinguinha. É autor do método “Escola Moderna do Cavaquinho”, tem vários CDs gravados e pesquisou a obra de Pixinguinha. Confira a entrevista que o músico concedeu ao jornal Balaio Cultural:

O Festival de Música de Ourinhos presta homenagem a Pixinguinha, e você é estudioso de sua obra. Quais foram os maiores desafios enfrentados para a pesquisa?
Em 1981, no vigor dos meus 22 anos, eu me desentendi com o professor de arranjo que queria me ensinar aquela receita de big band. Eu falei pra ele que queria aprender o estilo do Pixinguinha e ele disse que achava aquilo cafona, antiquado. Eu resolvi procurar por minha conta e tentar aprender como ele escrevia e porque soava daquele jeito. Na época eu procurei outros professores, gente que havia tido contato com o Pixinguinha e tinha gente que até achava que ele não escrevia nada, que era tudo improvisado. Depois de uns três anos procurando eu encontrei uma coleção de arranjos na Biblioteca Nacional, que nunca haviam sido gravados. Esses arranjos deram origem a Orquestra Pixinguinha e realizá-los, primeiro no estúdio e depois no palco, foi um aprendizado magnífico. Mas as dificuldades não foram poucas. Por exemplo a base harmônica não era escrita, em função do fato de os músicos que tocavam violão, cavaquinho e percussão não lerem música. Ouvindo gravações de arranjos de Pixinguinha em grandes quantidades, fui percebendo como era aquela ambientação e criando uma base para cada arranjo da Orquestra, com muitos detalhes de harmonia e percussão, deduzidos a partir dos sopros.

A Orquestra Pixinguinha ajuda a preservar e difundir a memória musical do choro e especialmente da obra de Pixinguinha. Os arranjos são originais ou foram adaptados? Como é a recepção do público a esse repertório?
O trabalho da Orquestra é muito popular, quando tocamos em praça pública o pessoal começa a dançar sem que precise nada ser dito. Acho que o motivo para tamanha capacidade de comunicação com o público é aquilo que sabiamente foi dito pelo saudoso Guerra-Peixe:"Pixinguinha deve ser encarado como um ponto de partida a ser seguido pelos orquestradores brasileiros. Seus trabalhos nessa especialidade deixam transparecer valores típicos da nossa música popular, seja em harmonia, contraponto, ritmo e feição regional. Tanto assim que ele é considerado, com muita razão, o único orquestrador que dá força regional à nossa música". E acredito realmente nisso.
Pixinguinha e outros músicos de sua geração enfrentaram as dificuldades do desemprego surgidas com o início do cinema sonoro. Quais as principais dificuldades para um músico hoje?
Acho que está havendo uma mudança muito grande, especialmente na área da música popular. Desde a Era do Rádio (1932-1964) o valor de um profissional era traduzido em oportunidades de emprego, em chamadas para gravações, etc. e havia mercado para se trabalhar se o cara fosse bom e responsável. Hoje está tudo muito desvalorizado, com o sistema de gravação em Pro-Tools ninguém precisa acertar no estúdio. O músico estar preparado tecnicamente, com um bom instrumento, hoje não é mais um valor. Os mais novos não sentem tanto, mas quem teve de lidar com essa perda, como a turma da minha geração, sofre. Por outro lado, nunca houve tanto interesse pela educação musical e o campo de trabalho com música para audiovisual tem crescido.


Com as facilidades em se “baixar” músicas pela internet, como fica a garantia dos direitos de autor no Brasil?
O compositor sofre mais que o músico, sem dúvida. Aqueles que não cantam ou tocam então…. Acho que a médio prazo, especialmente nos segmentos que transcendem a classe média como o samba, teremos uma grande queda em quantidade e qualidade, pela falta de motivação. Muita gente não imagina, mas eu senti na pele quando o samba “Chatos em desfile”, assinado pelo meu heterônimo, o Jota Canalha, entrou na novela “Caminho das Índias” em 2009. Eu, como autor da letra e da música, intérprete, arranjador, produtor, dono do fonograma, ou seja, sem dividir o dinheiro com ninguém recebi em torno de R$ 10.000,00. Antigamente quando o cara colocava a música numa novela ele comprava apartamento. Hoje em dia está difícil para o compositor sobreviver.

Conte sobre a experiência com o projeto “Eletro Pixinguinha XXI”. Existe uma nova roupagem para o choro no século XXI?
Nos últimos anos da década de 1920 e nos primeiros da de 30, Pixinguinha realizou experiências tremendamente originais, visando a criação de uma orquestra típica brasileira. A mistura continha Choro, samba e música afro-brasileira; combinados com a intenção da dança. Pelos mais variados motivos, inclusive a ascensão do samba como gênero nacional, essa parcela da obra de Pixinguinha ficou praticamente esquecida. O objetivo do“Eletro Pixinguinha XXI” foi resgatar esse capítulo, buscando um resultado que os DJs pudessem usar nas pista de dança.
Não se trata propriamente de novas roupagens mas de experiências mesmo, coisas com as quais muito se aprende quando há disposição para experimentar sem medo. O que acho mais positivo no ambiente do Choro atual é que não há mais, por parte da maioria, aquela censura ao novo, aquele compromisso de reproduzir o que já foi feito. Tem sempre um conservador que reclama, mas não é como na minha juventude quando tocar certo era tocar igual ao Época de Ouro.

16 de jul. de 2012

HOJE PAULO PASCHOAL E CAMERATA D'ARCOS NO TEATRO


Desde 2004 o violinista Paulo Paschoal se dedica a um projeto de formação de plateia e difusão da música erudita. Em suas apresentações o músico busca uma interação com o público fazendo alguns comentários sobre compositores e instrumentos. Em Ourinhos, o músico se apresenta com a Camerata D'arcos hoje à noite, dia 16 de julho, no Teatro Municipal Miguel Cury. A entrada é gratuita.
Filho de pai violinista e mãe pianista, Paulo Paschoal é violinista da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – OSESP. Paulo também atuou como professor do Instituto Baccarelli, organização que trabalha na formação musical e artística de jovens de regiões carentes. A experiência como professor o motivou a criar o projeto da Camerata Darcos, do Quinteto Brasileiro de Cordas e o Trio Brasil. Além dos CDs gravados com a OSESP, Paulo Paschoal já integrou trabalhos de músicos como Roberto Carlos, Ney Matogrosso, Chico Cesar e Zizi Possi.
O repertório erudito da Camerata Darcos vai do Barroco ao Moderno, música cigana, danças húngaras de Brahms entre outros. Já o repertório popular abrange a MPB, temas de filmes que marcaram a história do cinema e clássicos do rock como Metallica, The Beatles, Nirvana, Guns N’Roses e Queen. A apresentação tem entrada franca e os interessados devem retirar convites no Teatro Municipal.

Antônio Nóbrega fez o público cantar e dançar na abertura do 12º Festival de Música

O que faz uma pessoa – uma rústica vida de tempo breve – decidir ser música? A resposta não é uma só, já que cada pessoa é única. Mas as respostas interessam menos que a pergunta. A pergunta nasceu neste domingo, 15 de julho de 2012, durante o show de Antônio Nóbrega que abriu o XII Festival de Música de Ourinhos. O fato é que no palco montado na Praça Mello Peixoto, o que se via era um corpo musicalizado: dono do ritmo, da poesia e da dança.

Corpo musicalizado é um termo que parece bom, porque é difícil saber se o corpo é levado pela música, navegando nas ondas, ou se de tal forma apropriou-se de sua matéria prima - os ritmos e danças da cultura brasileira – que aprendeu a domar a lei da gravidade.

Antônio Nóbrega passeou pelos ritmos. Frevo, maracatu, baião, choro, samba. Passeou pelos instrumentos: violino, rabeca, bandolim, guitarra. Dançou no palco. Dançou sobre as caixas de som. Dançou junto ao público. Dançou com o público. Dançou como ator em cena. Dançou as danças populares com experimentação contemporânea. Dançou leve como sopro.

Ele fez tudo aquilo parecer fácil. Mas não é não. Quem estava no palco era um incansável pesquisador da dança e da música brasileira, também poeta e compositor. Um desses artistas amplos, porque bebe de uma fonte onde a música, o canto e a dança não se separam: a cultura popular. Só a cultura popular é festa carnavalesca, colorida, que não separa palco e público. Por isso Nóbrega mistura tudo tão bem: sua fonte ensina a não separar. É isso que fez o público dançar, cair na risada, cair na ciranda e pedir bis. Inebriar-se. O que faz uma pessoa decidir ser música? Seria ser filho e pai da cultura popular?

13 de jul. de 2012

Antonio Nóbrega abre o XII Festival de Música de Ourinhos

É neste domingo, dia 15, que o artista pernambucano Antonio Nóbrega se apresenta com sua banda na praça Mello Peixoto a partir das 20h30. Reunindo músicas dos seus seis últimos espetáculos ("Na Pancada do Ganzá", "Madeira que Cupim não Rói", "Pernanbuco falando para o Mundo", "Marco do Meio Dia",  "Lunário Perpétuo" e "9 de Frevereiro") o músico mostra ao público uma síntese de seus últimos 15 anos de atividade artística.
 Assim, cantando baiões, maracatus, frevos-canções e marchas-de-bloco; tocando na rabeca, no violino e no bandolim, choros, frevos ponteios e outras peças instrumentais, ele vai apresentando o seu heterogêneo cancioneiro.
Sua atuação não se restringe, todavia, ao plano musical, pois entre uma música e outra (seja cantada ou tocada), Nóbrega faz uma dança, brinca com a plateia, etc., retratando dessa maneira em seu espetáculo o caráter abrangente e multidisciplinar de sua atividade de intérprete. Abrangência essa que, passando do épico ao farsesco, do sóbrio ao desmedido, do lírico ao festivo, Nóbrega vai procurando traduzir através da sua arte de brincante como ele gosta de dizer, o temperamento e o caráter do povo brasileiro.

Antonio Nóbrega  nasceu em Recife - PE, em 1952. É violinista desde criança. No final dos anos 1960 participava da Orquestra de Câmara da Paraíba e da Orquestra Sinfônica do Recife quando, convidado por Ariano Suassuna, passou a integrar, como instrumentista e compositor, o Quinteto Armorial - grupo precursor na criação de uma música  de câmara brasileira de raízes populares. 
A partir dos anos 1970 percorreu quase todo o Brasil, estudando as manifestações populares, aprendendo cantos, toques instrumentais, danças, modos de representar dos brincantes, folgazões e demais artistas populares.


A partir de 1976, começou a desenvolver um estilo próprio de concepção em artes cênicas, dança e música, apresentando a partir de então os espetáculos “A Bandeira do Divino”, “A Arte da Cantoria”, “Maracatu Misterioso”, “Mateus Presepeiro”, “O Reino do Meio-Dia”, “Figural”, “Brincante”, “Segundas Histórias” e “Na Pancada do Ganzá” com grande sucesso no Brasil e exterior, recebendo diversos prêmios como “Shell”, “APCA” e “Mambembe”. 

Em 2010, foi premiado pela Fundação Conrado Wessel na categoria “Cultura”, pelo conjunto de sua obra. Em 2011, lançou o DVD, “Naturalmente”, produzido pelo SESC e dirigido por Walter Carvalho. Juntamente com sua mulher, Rosane Almeida, idealizou e dirige, em São Paulo, o Instituto Brincante local de cursos, oficinas, mostras e encontros que procuram apresentar aos próprios brasileiros um Brasil ainda pouco conhecido.  Além do violino, Nóbrega tem se dedicado ao bandolim, instrumento que, segundo ele, o aproxima mais do choro.
Atualmente trabalha com Walter Carvalho na gravação de um longa-metragem, cuja estreia está prevista para final de 2012.

12 de jul. de 2012

Festival oferece música nas praças e bairros da cidade

Além da intensa programação no Teatro, as atividades do Festival também são levadas para alguns bairros da cidade: No dia 19, às 20h acontece concerto na Igreja Nossa Senhora de Guadalupe e no dia 20, às 20h, na Paróquia Santo Antonio, na vila Odilon. Para a  praça Mello Peixoto, além do show de abertura, estão programadas a “Roda de Danças e Músicas do Mundo” no dia 20 ás 11h e apresentação da Banda de Laranjal Paulista no sábado, dia 21, às 11h. Além disso, o Festival ainda oferece exibição de filmes, exposições e workshop. Acesse www.ourinhosfestivaldemusica.com.br e conheça toda a programação.
Não perca as canjas, programadas para acontecer no Boteco Gor/Me (Av. Rodrigues Alves, 86), e em outros bares e restaurantes da cidade. Começando sempre depois dos shows no Teatro, por volta de 23h, músicos, professores e visitantes se reúnem para tocar e cantar, numa bonita comunhão proporcionada pela música. Visite também a exposição “O Rio de Pixinguinha”, na Galeria de Artes do Teatro, e conheça mais sobre o músico homenageado pelo Festival e o Rio de Janeiro na época do início das gravadoras, do cinema falado e dos teatros de revista. Aproveite os eventos gratuitos programados para os bairros e praças, e adquira seus ingressos com antecedência na bilheteria do Teatro.

4º A(o)gosto das Letras já tem programação definida

O escritos Luiz Ruffato está confirmado no evento.
Com sua programação praticamente definida, o 4º A(o)gosto das Letras será realizado entre os dias 21 e 26 de agosto. Em apenas quatro edições o A(o)gosto já se configura como o principal festival literário da região, com a presença de vários escritores convidados, oficinas, contação de histórias, lançamentos e shows. Já confirmaram presença os escritores Luiz Ruffato, Michel Laub, Paulo César Araújo, Edinha Diniz, Ivana Arruda Leite e Índigo. Todos eles participarão de mesas e conversaram com o público sobre temas como biografias, ficção e memória e literatura para jovens. O escritor e contador de histórias Ilan Brenmam coordena um bate-papo sobre a formação de leitores, com a participação de pais e educadores.

Jorge Amado será o autor homenageado e a programação traz uma série de referências à sua obra. O sociólogo Fernando Nogueira coordenará a oficina ‘A cozinha de Jorge Amado’, destacando a culinária baiana presente em seus livros. Leituras encenadas e a exibição de um documentário também lembram o escritor no centenário de seu nascimento. A escritora Fernanda Saraiva Romero também será homenageada. Autora de livros para crianças e responsável pela formação de muitos leitores em Ourinhos, Fernanda participará de bate-papo sobre a sua obra e aproveita para lançar seu quarto livro, também direcionado ao público infantil.

Já estão confirmados também os shows de Celso Viáfora, Luiz Pinheiro e Paulo Freire, que acontecerão sempre após os encontros com os escritores no PUB 744. Para as crianças tem também o A(o)gosto das Letrinhas, um dia recheado de atividades, com contação de histórias, teatro de bonecos, oficinas e brincadeiras, sempre tomando a literatura como inspiração.

O 4º A(o)gosto das Letras é resultado de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Associação de Amigos da Biblioteca Pública (AABiP), com apoio do ProAc, Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Paulo.  Confira a programação completa na próxima edição do jornal Balaio Cultural.

11 de jul. de 2012

DOCUMENTÁRIO EL SISTEMA MOSTRA EXPERIÊNCIA VENEZUELANA DE EDUCAÇÃO MUSICAL

Além das atrações musicais propriamente ditas, o Festival de Música de Ourinhos também procura integrar à sua programação filmes que estejam relacionados à música. Neste ano, o filme selecionado foi El Sistema, documentário de Paul Smaczny e Maria Stodmeier sobre a homônima rede venezuelana de educação musical para jovens carentes.
El Sistema, fundado nos anos 70 por José Antonio Abreu, é um projeto que se dedica a ensinar música, gratuitamente, para cerca de 350 mil crianças pobres em toda a Venezuela, incluindo na capital, Caracas. A exemplo do que acontece no Brasil, El Sistema não encontra facilidades: é um projeto que sobrevive graças ao trabalho duro e apaixonado de seus idealizadores e colaboradores. O Sistema sobrevive quase que exclusivamente de financiamento estatal, com um orçamento é sempre apertado. Mas, com uma boa dose da criatividade latina, que nós, brasileiros, também conhecemos bem, e muito trabalho, o projeto se mantém firme e forte. Para contornar a falta de instrumentos, por exemplo, criou-se a Orquestra de Papel, onde as crianças menores são introduzidas à noções elementares de música, manuseando réplicas de papelão de instrumentos musicais.
O documentário tem forte ênfase no poder de inclusão promovido pela música. Crianças que, em outras circunstâncias, acabariam vítimas do crime, das drogas, da violência urbana, da falta de perspectivas; encontram na música a perspectiva de um caminho diferente. O filme traz depoimentos fortes, como a da menina que perdeu uma audição por ter sido atingida, dias antes, na perna por uma bala perdida. Segundo ela, o que mais doeu não foi a ferida, e sim não poder comparecer à audição. A violência é quase banal na vida desses jovens, mas, graças à educação musical, eles descobrem uma rota de fuga.
El Sistema não é, apenas, um filme sobre música, embora tenha belos momentos musicais, protagonizados pelos alunos do projeto. É um filme sobre o poder transformador da música na vida das pessoas. É um filme sobre o triunfo da boa vontade, que mostra que homens como Jose Antonio Abreu e sua equipe, lutando contra todas as adversidades, e acreditando num ideal, mesmo quando ele parece quixotesco, podem fazer a diferença no mundo.
El Sistema será exibido de segunda à sexta, durante o XII Festival de Música de Ourinhos, sempre às 13h no Centro Cultural Tom Jobim, em sessões gratuitas.

10 de jul. de 2012

A FUNÇÃO SOCIAL DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO DAS NOVAS GERAÇÕES

O maestro Júlio Medaglia, músico convidado do Festival em 2009.
Desde 1972, portanto há 40 anos, as escolas públicas brasileiras não contam com o ensino musical em seus currículos. Retomar esse processo tantos anos depois impõe desafios como a falta de profissionais preparados para a função e adequação do ensino às novas realidades tecnológicas. Porém, mais importante talvez seja a reflexão sobre a necessidade e benefícios do ensino da música e das artes. Ninguém discute a necessidade de se ensinar novas tecnologias e o uso de equipamentos, assuntos que possuem inúmeros defensores. Defender o desenvolvimento da acuidade estética e seus benefícios num mundo cada vez mais tecnicista é mais difícil.  O assunto tem sido objeto de reflexão durante o Festival de Música de Ourinhos desde 2007, através de mesas de discussão ou palestras.  Em artigo publicado no Balaio de julho de 2009, o maestro Júlio Medaglia defende que o ensino musical aconteça de maneira prática, e que os alunos tenham oportunidades de assistir vídeos, ouvir música de qualidade, cantar e tocar instrumentos baseados na filosofia Orff, atividades que, segundo ele, podem ser realizadas por um músico com formação razoável - “sem mil diplomas, licenciaturas ou mestrados”. Medaglia também reforça que uma das obrigações do professor de música em escolas públicas é a de proporcionar situações para que os alunos possam ouvir boa música: “A mídia é inimiga da boa música – ao contrário do que já foi no passado. O massacre da sensibilidade das pessoas via meios de comunicação é terrível”.
    H.J. Koellreutter, músico e pensador alemão que viveu muitos anos no Brasil abordou o tema no artigo “Educação musical no terceiro mundo: função, problemas e possibilidades”, publicado em 1990. Segundo o autor, no Brasil e em outros países do chamado Terceiro Mundo, a música precisa ter uma função social. A educação teria a função de “ajudar os jovens a viver em um mundo que se transforma diariamente, tornando-o capaz de criar um futuro digno para si mesmo e para seus filhos”. Para isso, o autor critica categorias tradicionais de currículos que há muito se tornaram obsoletas. Koellreutter vê a arte como um fator de humanização do processo civilizador, e a inserção da música como arte funcional, auxiliando em várias áreas de trabalho, no comércio e na indústria, setores de planejamento urbano, na terapia e reabilitação sociais. Além disso, a arte e a música em particular, “deverão ser meios de preservação e fortalecimento da comunicação pessoa a pessoa; de sublimação da melancolia, do medo e da desalegria, fenômenos que ocorrem pela manipulação bitolada das instituições públicas na vida moderna, tornando-se fatores hostis à comunicação”. Koellheuter reforça que a música deve ser usada como meio de desenvolver a personalidade do aluno, auxiliando em qualquer atividade profissional. Como exemplo, cita o desenvolvimento da autodisciplina, concentração, subordinação de interesses pessoais aos interesses do grupo, auto-crítica, criatividade e desenvolvimento da sensibilidade, fatores que  podem ser desenvolvidos através do treino mental de atividades musicais.
Reforçando sua tese de que a arte e principalmente a música devem ter uma função social, ou seja, de visibilidade e aplicabilidade, o autor critica a noção de arte como ideal, preocupação de beleza ou prazer. E não poupa a ação medíocre de artistas movidos pela vaidade e presunção. Para ele, a música é útil para a vida, e sua aplicação na educação traz benefícios na formação global das crianças e jovens.
Enny Parejo, que coordena o curso “Música na Escola” durante o Festival, em entrevista publicada nesta edição afirma que “a arte levada a sério em nossa escola produziria crianças e jovens mais sensíveis, críticos, com apuradas demandas estéticas e dificilmente manipuláveis”.
O sistema educacional brasileiro passa por processo de reflexão e críticas, principalmente a partir da adoção de medidas que atestaram e divulgaram suas deficiências. É o caso da divulgação de milhares de casos de estudantes que continuam analfabetos funcionais, mesmo depois de anos de escola. Ou da verificação da falta de discernimento crítico, de opiniões próprias, de dificuldades de falar e escrever corretamente, situações com as quais nos defrontamos diariamente.
Se pretendemos investir na educação das novas gerações, é preciso também facilitar para que as crianças experimentem através da arte, assistam peças de teatro, visitem exposições, ouçam música. Afinal, a cultura é uma parte indispensável e inseparável da vida social.

6 de jul. de 2012

FESTIVAL DE MÚSICA PRORROGA INSCRIÇÕES E RECEBE ESTUDANTES DE TODO O PAÍS

Devido a grande procura pelas últimas vagas para participar dos cursos do 12º Festival de Música de Ourinhos, a comissão organizadora informa a prorrogação das inscrições até o dia 11 de julho. Os interessados devem acessar a página eletrônica www.ourinhosfestivaldemusica.com.br e seguir as instruções. Neste ano são 41 cursos, com professores vindos de todo o Brasil.
Embora aconteça numa cidade do interior, o Festival de Música de Ourinhos possui um caráter, pode-se dizer, global. Todos os anos, o Festival recebe visitantes de todas as partes do Brasil, e mesmo de outros países. Receberemos, nesta edição, estudantes oriundos de estados distantes, como Tocantins e Sergipe. Em edições passadas, recebemos estudantes de países como Estados Unidos, México e Chile. Dessa forma, o nome do Festival de Música de Ourinhos é levado a diversos lugares, sempre de forma elogiosa: todos os anos, recebemos novos alunos que decidem comparecer depois de ouvir, de alguém que já havia participado em anos passados, elogios à organização, aos cursos e ao clima geral do Festival, que é sempre o melhor possível.
O Festival de Música de Ourinhos planta, nos alunos que participam, sementes que germinam longe. Sempre recebemos grupos de professores, beneficiários de projetos sociais ligados ao ensino de música, membros de orquestras municipais.
Neste ano, por exemplo, receberemos um grupo de professores de música do Conservatório Musical Municipal Joaquim de Oliveira, de Presidente Epitácio (SP). Estes professores são integrantes da Orquestra Hermeto Pascoal do conservatório, que se apresenta com frequência na cidade, levando música de qualidade para os habitantes. Além disto, um dos professores deste grupo é do Projeto Social para Idosos. Um outro está ligado ao CRAS (Centro de Referência em Assistência Social), onde ensina música para crianças e adolescentes de baixa renda.
Outro grupo que virá para o XII Festival é um destacamento de membros da Lyra Maestro Roque Soares de Almeida, de Paraguaçu Paulista. Esta banda é mantida pela prefeitura da cidade, que possui também um programa social: os alunos carentes recebem bolsa de um salário mínimo, para que possam se dedicar ao estudo da música. O projeto vem dando resultados: muitos desses alunos já são monitores na escola de música da cidade. Futuramente, podem vir a ser, também eles, professores de música.
Acreditamos que a participação destes grupos no Festival possui um imenso impacto positivo. Estes músicos tem, aqui, a oportunidade de se aperfeiçoarem junto a alguns dos professores mais reconhecidos do Brasil. Quando voltam para suas cidades, sem dúvida transmitem a seus alunos e companheiros o conhecimento adquirido. Assim, além de ser um evento cultural, o Festival de Música de Ourinhos também atua no aspecto social, contribuindo para o ensino da música mesmo em outras cidades.

5 de jul. de 2012

Entrevista com o maestro português Paulo Clemente

O maestro português Paulo Clemente estará no 12º Festival de Música de Ourinhos dirigindo o encontro marcado para o dia 18, quarta, às 10h30, no Centro Cultural, com o tema “A formação de novos músicos e sua permanência na Banda”. O maestro participa  de atividades junto a bandas brasileiras durante o mês de julho, especialmente a Banda Municipal de Laranjal Pasulista, regida por Fúlvio Scarme. Paulo é licenciado pela Escola Superior de Educação de Leiria no Curso de Professores de 1º e 2º Ciclo na variante de Educação Musical e Mestre pela Universidade do Minho em Estudos da Criança em Educação Musical. Desde 1997 é Maestro da Banda da Sociedade Filarmónica Vermoilense (Pombal) e Diretor Pedagógico da Escola de Música da mesma instituição. Conheça um pouco da experiência de Paulo Clemente na entrevista ao jornal Balaio Cultural:

Balaio -  Que importância o Sr. atribui às Bandas Sinfônicas na história da música?
Ao longo da história da música, as Bandas foram ocupando diferentes graus de importância. Surgiram com os militares, e as primeiras formações aparecem no reinado do rei Sérvio Túlio (578-535 a.c.), em Roma. Tinham como principal objetivo criar um clima de terror nos exércitos inimigos, e  também organizar e incentivar as marchas. Na Europa a partir do século XIII, a Igreja Católica surge como a principal responsável pelo florescimento das Bandas, atribuindo uma nova importância, o embelezamento das celebrações e festas religiosas. Hoje, a importância das Bandas é percebida principalmente  na educação, pois elas funcionam como escolas de música. Em muitos casos é a única possibilidade de se estudar um instrumento, com custo mais reduzido. As Bandas funcionam também como possibilidade de divulgação do trabalho de novos compositores, editoras e de uma cultura  musical em constante mutação.
Balaio -  É possível estabelecer um paralelo entre o papel das bandas de música em Portugal e no Brasil?
Imagino que os problemas e as dificuldades devem ser semelhantes (a faltas aos ensaios por parte dos músicos, as dificuldades em conciliar o estudo da música e o trabalho e a falta de incentivo da comunidade onde está inserida a Banda. Muitas vezes também as Bandas são dirigidas por pessoas de boa vontade, mas sem formação musical suficiente nem conhecimento de gestão de instituições de cultura.
Balaio - O que o repertório das bandas portuguesas e brasileiras tem em comum?
Julgo que hoje com as novas tecnologias é possível tocar todo o tipo de repertório, mas penso que no caso das bandas portuguesas e brasileiras a diversidade cultural e as raízes históricas são um dos pontos mais fortes.
Balaio - Seu mestrado estudou o papel da educação musical nas bandas filarmônicas.  Como vê a educação musical das crianças? Que papel atribui às bandas  nessa educação para a música?
Em Portugal a educação musical das crianças ainda revela algumas lacunas, desde a concepção do currículo até a adequação aos diferentes estágios escolares, como também, a formação dos docentes. As bandas têm um papel preponderante na educação musical das crianças. No entanto, é necessário ter um corpo docente preparado para motivar todas essas potencialidades. Quando estes fatores estão salvaguardados, o resultado final é muito positivo e, a qualidade e quantidade de músicos sobe significativamente.

4 de jul. de 2012

Oficina de Desenho desenvolve trabalhos sobre Pixinguinha

As alunas da oficina de desenho, coordenada pela professora Solange Rocha, participam do 12º Festival de Música de Ourinhos criando painéis que ilustram momentos da vida do músico homenageado Pixinguinha. Inspiradas pelas ilustrações de Guto Nóbrega para o livro-CD Pixinguinha para Crianças - Uma Lição de Brasil, os painéis estão em fase de acabamento e estarão expostos para o público no Centro Cultural Tom Jobim a partir do dia 15 de julho.

O livro, que tem texto da escritora Rosa Amanda Strausz e organização de Carlos Alberto Rabaça, resgata para as novas gerações do país a trajetória de sucesso do autor do clássico Carinhoso. O CD que acompanha o livro tem produção musical de Henrique Cazes, que estará em Ourinhos nesta edição do Festival de Música regendo a Orquestra Pixinguinha, um dos destaques da programação no dia 17 de julho, terça-feira.

SIDNEY MOLINA: FAZENDO E PENSANDO A MÚSICA BRASILEIRA

O professor de história da música do XII Festival de Música de Ourinhos descobriu o jazz e a música clássica quando ainda ouvia Beatles no toca-discos, e na adolescência não fazia muita distinção entre música clássica e MPB. A relação de Sidney Molina com a música começou cedo. Aos sete anos foi estudar violão, sempre com o apoio dos pais. Foi aluno de Manuel Fonseca e Armando Vidigal. Mais tarde, devido à ausência de cursos de violão nas universidades públicas, resolver cursar filosofia na USP. Depois, se tornou mestre e doutor em Semiótica pela PUC defendendo a tese ‘O violão na Era do Disco: interpretação e desleitura na Arte de Julian Bream’.
Em 1992, fundou o quarteto de violões Quaternaglia, a partir de um “despretensioso encontro entre quatro jovens violonistas que estudavam com o professor Edelton Gloeden”. Atualmente, Sidney Molina leciona em diversas universidades brasileiras e atua como crítico musical do jornal Folha de São Paulo. Confira a entrevista do professor Sidney, onde ele fala um pouco da sua formação, das relações entre o trabalho de concertista e crítico e do seu livro ‘Música Clássica Brasileira Hoje’, publicado pela Publifolha em 2010.

Balaio: Como foi o início da sua formação musical? O ambiente no qual o sr. cresceu contribuiu de alguma maneira para despertar esse interesse pela música?
S.M. - Comecei a estudar violão aos sete anos, empolgado com a música popular que ouvia, primeiro o rock e depois a MPB. Descobri a música clássica (e o jazz) nesse processo. Apesar de não haver músicos na família antes de mim, tive uma ótima orientação de meus primeiros professores, Manuel Fonseca e Armando Vidigal. E meus pais apoiaram os estudos de música, o que foi essencial para o meu desenvolvimento.

Balaio: Como sua atuação como concertista se relaciona com o trabalho de pensador e crítico musical?
S.M. - Costumo dizer que uma coisa pode ajudar a outra. A reflexão crítica e a formação humanística mudam concepções, estimulam a criação, interferem no som: o modo como se faz música manifesta uma forma de pensar, de ver o mundo. Por outro lado, a experiência com a performance, com o palco, com ensaios, concertos e gravações dá concretude ao trabalho do pesquisador, serve de lastro para o acadêmico e enriquece o trabalho do professor.

Balaio: Em um de seus textos, o sr. afirma que o interesse pela música parte de uma ‘experiência musical forte’, esteticamente marcante na vida da pessoa, que se desenvolve quando aliado ao gosto pelo estudo de música. Qual o papel do professor no desenvolvimento desse gosto pelo aprendizado?
S.M. - O aluno pode ver a música nos olhos do professor. Mas não apenas isso: em casos especiais, o aluno pode ver a sua própria musicalidade refletida pelo professor. Claro, nesse caso estamos falando de um verdadeiro educador, de um professor que tem vocação, que acredita no aluno frequentemente mais do que ele próprio.

Balaio: Comente um pouco da história do quarteto de violões Quaternaglia.
S.M. - O Quaternaglia nasceu há exatamente 20 anos. Originou-se do despretensioso encontro entre quatro jovens violonistas que estudavam com o professor Edelton Gloeden. O programa do primeiro recital mostra que já havia interesse do grupo pela música do compositor cubano Leo Brouwer. Mas poucos poderiam imaginar, que - duas décadas depois - estaríamos em forma, lançando o sétimo CD, tendo quase 50 obras dedicadas ao grupo, discos gravados e lançados no exterior (um deles produzido por Egberto Gismonti), ter realizado 10 turnês pelos Estados Unidos e - veja só que honra! - com o próprio Leo Brouwer regendo o nosso concerto dos 20 anos, que ocorreu no último dia 9 de junho em Belém do Pará.

Balaio: Em 2010 o sr. publicou o livro ‘Música Clássica Brasileira Hoje’ pela Publifolha. Como foi concebido esse trabalho?
S.M. - O convite partiu da editora para sair dentro dos moldes da coleção "Folha Explica". Creio que o livro tem duas características diferentes dentro do meio: 1) o fato de darmos atenção simultaneamente a compositores e intérpretes (geralmente os livros de história da música não tratam de instrumentistas, cantores e regentes); e 2) a ideia de usarmos os verbetes (reduzidos a 49 por uma questão de espaço) não apenas para tratar do artista em questão, mas também para mencionar o trabalho de outros músicos que atuam na mesma área.

As inscrições para a 12ª edição do Festival de Música de Ourinhos estarão abertas até a próxima sexta-feira, dia 06 de julho. Para garantir sua vaga basta acessar a página eletrônica do evento, www.ourinhosfestivaldemusica.com.br, e seguir as instruções.
Além das 41 opções de cursos para instrumentistas, pesquisadores, professores e interessados em geral, o evento oferece uma excelente programação artística que começa no dia 15 com o músico Antônio Nóbrega, uma das mais importantes figuras de preservação da cultura popular nordestina.

3 de jul. de 2012

SEXTETO SIZÃO MACHADO APRESENTA A BENÇÃO MAESTRO MOACIR SANTOS

A programação artística do 12º Festival de Música de Ourinhos apresenta no dia 18, quarta, o show A bênção, maestro Moacir Santos, projeto do Sizão Machado Sexteto. A apresentação começa às 20h30 e a entrada custa R$ 10,00.
Neste trabalho o músico Sizão desenvolve um trabalho de arranjos e adaptações das composições de Moacir Santos para uma formação de sexteto, com três sopros, procurando manter a maior fidelidade possível à sonoridade original. O sexteto que homenageia Moacir Santos é formado por Sizão Machado (concepção, arranjos e contrabaixo), Carlos Ezequiel (bateria), Fabio Leandro (piano), Josué dos Santos (sax barítono e flauta), Vitor Alcântara (sax alto) e Walmir Gil (trompete).
Sizão já foi professor do festival por vários anos, nesta edição será professor no curso de Prática de Big Band. Criador de uma linguagem musical única, que vai muito além do universo de seu instrumento, o contrabaixista Sizão Machado é reconhecido nacional e internacionalmente, por suas atuações ao lado de Chet Baker, Herbie Mann, Elis Regina, Jim Hall, Chico Buarque, Dori Caymmi, Djavan, Milton Nascimento, Ivan Lins, Flora Purim, Airto Moreira e muitos outros. Além de sua atuação pelos palcos do mundo, Sizão participou da gravação de mais de uma centena de discos com os mais variados artistas, nacionais e internacionais. Na Carolina do Sul gravou o trabalho de Paul Winter, o cd Crestone, ganhador do Grammy de melhor álbum, categoria New Age de 2008. Com o saxofonista realizou shows no Clearwater Festival e um concerto na Catedral de Saint John The Devine, em Nova York.
Atualmente Sizão apresenta seu trabalho com formações variadas ao lado de grandes instrumentistas e acompanha as apresentações e gravações do Quinteto Sambazz, Terrêro de Jesus, Regra de Três, Lumina, Renato Braz, Dori Caymmi, Celso Viáfora, Wilson das Neves, Heraldo do Monte e Alessandro Penezzi e Cesar Camargo Mariano.

Moacir Santos, Não és um só, és tantos
Homenageado por Vinicius de Moraes em seu Samba da bênção – "A bênção, maestro Moacir Santos/ Não és um só, és tantos/ Como o meu Brasil de Todos os Santos/ Inclusive meu São Sebastião" – o compositor, arranjador e multiinstrumentista pernambucano Moacir Santos foi o inspirador da obra de grandes nomes da música brasileira como Baden Powell, Sergio Mendes, Airto Moreira, Dori Caymmi, Paulo Moura, Sizão Machado, Nailor Proveta, Mauricio Carrilho, e tantos outros que foram seus alunos ou beberam de sua fonte.
Wynton Marsalis, um dos maiores trompetistas do jazz contemporâneo, o compara a ninguém menos que Beethoven, pela inventividade, e a Duke Ellington, pela clareza de seus arranjos.
No princípio Moacir fazia arranjos intuitivamente, sem conhecer as regras. Só anos mais tarde, vale lembrar, o maestro estudou teoria musical com o famoso Guerra Peixe, e depois com o compositor alemão Koellreutter, de quem se tornou assistente. Após 30 anos morando em Los Angeles, Moacir teve sua obra resgatada no Brasil com um disco feito pelos instrumentistas Zé Nogueira e Mario Adnet, que garimparam composições revolucionárias da obra do maestro. Foram lançados no Brasil trabalhos sensacionais como Coisas (gravado em 1965, remasterizado e relançado em 2005), Ouro negro (em CD e DVD) e Choros & alegria.

Oficina de conservação de fotografia busca preservar memória de acervos do interior paulista


Profissionais da área de museus, estudantes, fotógrafos e agentes de preservação da memória se reuniram nos dias 28 e 29 de junho a Biblioteca Municipal Tristão de Athayde em Ourinhos para a oficina Conservação Preventiva de Coleções de Fotografias: Catalogação, Acondicionamento e Guarda, ministrada por Marília Fernandes, Mestre em Artes com ênfase em Gerenciamento Museológico de Coleções e Preservação de Fotografias, pela George Eastman House Museu Internacional de Fotografia e Filme, EUA.

Em uma iniciativa do Sisem – Sistema Estadual de Museus de São Paulo -  Marília está percorrendo o interior do Estado nessa ação de conservação de fotografias que faz um panorama de como cuidar de acervos fotográficos. “Fotografias são diferentes de outros acervos, são diferentes de documentos, desenhos e pinturas. A fotografia é muito frágil, muito específica. Por isso esse trabalho de conservação também é específico. A própria catalogação, a documentação da foto também é diferenciada. Então, a oficina busca abordar como se documenta a fotografia, passando um pouco pela própria história da fotografia, da técnica fotográfica, mostrando que a fotografia não é uma coisa só, mas sim um conjunto de processos de criação de imagens a partir da luz, e todos estes processos são fotografias, são diferentes e podem ser encontrados em acervos, são essas diferenças que precisamos reconhecer”, explica.

A oficina passou para os 30 participantes um pouco da história da fotografia e como se documenta e se reconhece os danos que as fotografias sofrem com o decorrer do tempo, principalmente sob os efeitos da umidade e calor. “Vamos encerrar a oficina com uma confecção de embalagens com material adequado, simples e fáceis, que todos podem levar pra casa um exemplo e reproduzir no seu acervo”, conta Marília.

Marília Fernandes conta que essa ação visa preparar os museus do interior que cuidam da memória, muitas vezes da cidade ou da região, e sempre possuem fotografias em seus acervos. “Geralmente são fotos das famílias, fotos que registram os eventos da cidade, são acervos fixos de todo pequeno museu que conta e cuida da memória do local”.

Sobre o trabalho desenvolvido em Ourinhos, Marília ressalta a diversidade do grupo. “Tem o pessoal que trabalha nos museus, trazem dificuldades concretas, reais do dia a dia, o que gera uma discussão muito boa e enriquecedora. Tem também o grupo dos estudantes, pesquisadores, Ourinhos é o primeiro lugar que eu vou e que de fato tem um grupo de estudantes universitários que vem buscar como uma forma de profissionalização, uma área que eles estão buscando para trabalhar, isso foi muito interessante”.

Uma das participantes da oficina foi Priscila Miraz, doutoranda em História da UNESP/Assis. A pesquisadora conta que seu interesse pela imagem fotográfica surgiu de seu trabalho sobre os foto clubes das décadas de 1940 e 1950. “Minha área dentro da história é a história da América Latina. A partir de algumas pesquisas cheguei até o foto clube Bandeirante, em São Paulo, que produziu durante três décadas um boletim muito importante chamado Boletim Fotocine. Através desse boletim eu cheguei a um fotoclube mexicano chamado La Ventana e me interessei em trabalhar com essas redes de informação sobre fotografia, teoria, que os foto clubes propiciaram nessa época. O meu interesse pela fotografia vem daí. Pesquisei bastante, tive muito contato com a teoria e a história da fotografia, mas me faltava um pouco da parte prática e foi isso que vim buscar aqui na oficina, as técnicas fotográficas e também a questão da conservação em si, já que trabalho com acervo também. Achei extremamente interessante a maneira que a Marília conseguiu amarrar a questão da técnica com a história da fotografia, passando por todos os processos até chegar ao digital. E depois, nesse segundo dia, a conservação desse material, está sendo muito boa a prática, o contato com o papel adequado, a limpeza da fotografia, foi muito interessante eu nunca tinha visto pessoalmente, gostei muito de participar”.

2 de jul. de 2012

Festival de Música inspira projetos da EMEF Evani Maioral

Quem entra na EMEF Evani Maioral Ribeiro Carneiro, na Vila Boa Esperança, vai logo percebendo que ali os alunos sabem quem foi Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha, um dos maiores compositores e arranjadores da música brasileira e músico homenageado do XII Festival de Música de Ourinhos.
A professora Viviane Parmegiani e os alunos durante apresentação do coral.

Além das colagens, caricaturas e desenhos espalhados pelos corredores da escola, um projeto de coral coordenado pela professora Viviane Parmegiani envolveu alunos de 7 a 11 anos, de diversas salas. “Carinhoso”, a mais conhecida de suas composições, foi a música escolhida. Criada entre 1916 e 1917, “Carinhoso” recebeu mais tarde os famosos versos de João de Barro (Meu coração, não sei porque, bate feliz, quando te vê). “Atendemos cerca de 300 alunos e todos os anos o músico homenageado do Festival de Música se transforma em tema de projetos da escola”, conta a diretora Maria Aparecida de Souza.

A professora Viviane, que também é responsável por uma das salas da escola, se entusiasma ao falar do projeto que acontece três vezes por semana no turno contrário: “Em 2011 pesquisamos Luiz Gonzaga e agora os alunos receberam muito bem a proposta de trabalhar com a obra de Pixinguinha”.

Todos os anos a Secretaria Municipal de Cultura prepara um material de apoio que é distribuído às escolas do município, com informações e dicas sobre o músico homenageado. “A participação de alunos e professores é sempre estimulada, já que o Festival é o principal evento do calendário cultural da cidade, e sempre se posicionou a favor da volta do ensino de música nas escolas”, lembra Neusa Fleury, secretária de Cultura.

Choro do século XXI traz alguns dos principais músicos cariocas para Ourinhos

As inscrições para a 12ª edição do Festival de Música de Ourinhos estarão abertas até a próxima sexta-feira, dia 06 de julho. Para garantir sua vaga basta acessar a página eletrônica do evento, www.ourinhosfestivaldemusica.com.br, e seguir as instruções.
Além das 41 opções de cursos para instrumentistas, pesquisadores, professores e interessados em geral, o evento oferece uma excelente programação artística que começa no dia 15 com o músico Antônio Nóbrega, uma das mais importantes figuras de preservação da cultura popular nordestina.

Outro destaque da programação é o show do dia 20 de julho. O encontro de alguns dos mais atuantes e representativos músicos de choro da atualidade levará ao palco do XII Festival de Ourinhos um repertório totalmente inédito. Composições como Influente, de Cristóvão Bastos, Meu Sax sorriu, de Nailor Proveta e Maurício Carrilho, e Mensageiro, Pedro Paes, são algumas das composições que serão interpretadas por seus próprios autores e ainda contando com a participação de Luciana Rabello, Paulo Aragão, Aquiles Moraes e Marcus Thadeu.
A apresentação dará uma panorâmica da obra contemporânea do choro, abrangendo vários ritmos que constroem a linguagem do choro.
Em um papo descontraído com a equipe do jornal Balaio Cultural, Maurício Carrilho fala sobre o choro da atualidade, a Escola Portátil de Música no Rio de Janeiro, dirigida por ele e composta pelos principais músicos do gênero, herdeiros do tradicional choro carioca e também sobre as dificuldades em inserir a boa música brasileira em meios de comunicação populares, confira:

Qual a diferença do choro produzido antigamente, anos 40 e 50, para o choro contemporâneo? Como é aceitação do público atual?
Os anos 40 representam um marco para a forma clássica do choro. Tivemos as gravações de Benedito Lacerda e seu Regional com Pixinguinha que são, até hoje, referência para quem se interessa por esse gênero. Nos anos 50 o choro viveu um momento muito rico de renovação de sua estrutura harmônica e melódica, com o trabalho de Garoto, Radamés Gnattali, Moacir Santos, Altamiro Carrilho.
Hoje temos outras gerações em atividade. Depois de um período de grande dificuldade, vivido entre a segunda metade dos anos 80 até o início dos anos 2000, o choro vive um dos períodos mais promissores de sua história centenária. Observamos o surgimento de músicos extraordinários além do avanço na produção de instrumentos de qualidade, organização de material didático, levantamento de repertório e discografia dos grandes mestres e uma produção contínua, numerosa e de ótima qualidade por parte de vários compositores. Melódica e harmonicamente o choro evoluiu muito nos últimos anos. Mas acho que isso só será percebido pelas pessoas daqui a uns dez, vinte anos. Infelizmente ainda há uma grande dificuldade em se fazer uso democrático dos meios de comunicação no Brasil. Existe um sistema
corrompido e viciado que se alimenta da ausência de conhecimento e senso crítico para veiculação de "produtos culturais" sem nenhum conteúdo, deixando de lado o que é produzido de melhor em nossa música.

A Escola Portártil de Música é um dos principais núcleos do choro carioca. Como é esse ambiente de estudo que reúne jovens músicos no Rio de Janeiro?
A Escola Portátil de Música é um projeto que existe há 12 anos. Oferece a oportunidade de estudo prático e teórico da linguagem do choro. Contamos com mais de 1000 alunos inscritos regularmente em 2012, além de vários estudantes de fora do Rio que frequentam aulas avulsas. Acho que além de formar músicos, platéia de qualidade e transformar a cena musical carioca, a EPM deu aos jovens músicos estudantes de choro consciência da importância desta música, elevando sua auto-estima, seu orgulho em tocar Música Brasileira. Isso está fazendo muita diferença.

Como é o interesse dos músicos de outros países pela linguagem do choro? Existem projetos que possibilitem esse intercâmbio musical?
Outros projetos e escolas têm contribuído para o estudo de várias linguagens musicais, e mesmo do choro em particular. Te respondo de Toulouse, na França, onde estou participando, ao lado de dois professores da Escola Portátil de Música (Jayme Vignoli e Naomi Kumamoto), do 5º Encontro de Choro de Toulouse. Organizado pela Casa do Choro de Toulouse, este encontro contou com a participação de 60 alunos, músicos de choro vindos de várias cidades da França e de outros países europeus. Esta realidade é nova e mostra o interesse crescente pelo choro em vários países. O resultado do encontro foi muito bom e mostrou o progresso que jovens músicos franceses têm feito no choro.