O maestro português Paulo Clemente estará no 12º Festival de Música de Ourinhos dirigindo o encontro marcado para o dia 18, quarta, às 10h30, no Centro Cultural, com o tema “A formação de novos músicos e sua permanência na Banda”. O maestro participa de atividades junto a bandas brasileiras durante o mês de julho, especialmente a Banda Municipal de Laranjal Pasulista, regida por Fúlvio Scarme. Paulo é licenciado pela Escola Superior de Educação de Leiria no Curso de Professores de 1º e 2º Ciclo na variante de Educação Musical e Mestre pela Universidade do Minho em Estudos da Criança em Educação Musical. Desde 1997 é Maestro da Banda da Sociedade Filarmónica Vermoilense (Pombal) e Diretor Pedagógico da Escola de Música da mesma instituição. Conheça um pouco da experiência de Paulo Clemente na entrevista ao jornal Balaio Cultural:
Balaio - Que importância o Sr. atribui às Bandas Sinfônicas na história da música?
Ao longo da história da música, as Bandas foram ocupando diferentes graus de importância. Surgiram com os militares, e as primeiras formações aparecem no reinado do rei Sérvio Túlio (578-535 a.c.), em Roma. Tinham como principal objetivo criar um clima de terror nos exércitos inimigos, e também organizar e incentivar as marchas. Na Europa a partir do século XIII, a Igreja Católica surge como a principal responsável pelo florescimento das Bandas, atribuindo uma nova importância, o embelezamento das celebrações e festas religiosas. Hoje, a importância das Bandas é percebida principalmente na educação, pois elas funcionam como escolas de música. Em muitos casos é a única possibilidade de se estudar um instrumento, com custo mais reduzido. As Bandas funcionam também como possibilidade de divulgação do trabalho de novos compositores, editoras e de uma cultura musical em constante mutação.
Balaio - É possível estabelecer um paralelo entre o papel das bandas de música em Portugal e no Brasil?
Imagino que os problemas e as dificuldades devem ser semelhantes (a faltas aos ensaios por parte dos músicos, as dificuldades em conciliar o estudo da música e o trabalho e a falta de incentivo da comunidade onde está inserida a Banda. Muitas vezes também as Bandas são dirigidas por pessoas de boa vontade, mas sem formação musical suficiente nem conhecimento de gestão de instituições de cultura.
Balaio - O que o repertório das bandas portuguesas e brasileiras tem em comum?
Julgo que hoje com as novas tecnologias é possível tocar todo o tipo de repertório, mas penso que no caso das bandas portuguesas e brasileiras a diversidade cultural e as raízes históricas são um dos pontos mais fortes.
Balaio - Seu mestrado estudou o papel da educação musical nas bandas filarmônicas. Como vê a educação musical das crianças? Que papel atribui às bandas nessa educação para a música?
Em Portugal a educação musical das crianças ainda revela algumas lacunas, desde a concepção do currículo até a adequação aos diferentes estágios escolares, como também, a formação dos docentes. As bandas têm um papel preponderante na educação musical das crianças. No entanto, é necessário ter um corpo docente preparado para motivar todas essas potencialidades. Quando estes fatores estão salvaguardados, o resultado final é muito positivo e, a qualidade e quantidade de músicos sobe significativamente.
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