20 de jul. de 2011

Mundo da música: A americana Sarah Noll veio ao Festival aprender a ginga da musicalidade brasileira

Com 700 alunos inscritos nos cursos do XI Festival de Música, ficamos curiosos em saber de onde vem essa gente toda, quem são, o que fazem, por que decidiram vir para cá, o que esperam e o que estão achando. Olhar o Festival pelas motivações, expectativa e recepção dos alunos que vêm para cá se tornou uma curiosidade tentadora, que nos ajuda compreender como acontece a comunicação que o torna referência mundo afora. Decidimos, então, entrevistar alunos vindos de diferentes localidades, e nossa primeira entrevistada é a Americana Sarah Noll, educadora musical na Head-Royce School, de Ocland, que está pela primeira vez em Ourinhos.


O que motivou sua vinda ao Festival?
Sou amiga da Deise Alves (Arte-educadora, dançarina e preparadora corporal que está ministrando o curso Danças e Ritmos Brasileiros no Festival), que encontrei no último verão em Madri, onde fizemos cursos. Quando a encontrei nos Estados Unidos, ela me falou sobre o Festival, onde daria aulas. Nos EUA eu dou aulas de música e movimento para crianças, e fazer parte deste evento me ajuda no que faço. Também estou fazendo curso de percussão, porque quero aprender mais sobre música brasileira e música do mundo. A Deise me disse que se eu quisesse aprender muito em um período curto de tempo ela indicaria o Festival.

Está gostando?
Estou adorando. Apesar de não falar português, as pessoas são muito agradáveis e me ajudam com a comunicação. Mesmo que eu não entenda o que eles falam, a linguagem musical é o mais importante, e eu entendo.

Como essa experiência de aprendizagem vai refletir no seu trabalho, na volta aos Estados Unidos?
Estou começando a estudar música brasileira. Já estudei música africana, e sei que existe muita influência dessa música na cultura brasileira. Também estudei música européia, e a Deise me ensinou sobre essa miscigenação que se verifica na cultura brasileira. Em cada região essa miscigenação se manifesta de forma diferente. No meu país foi de uma forma, aqui no Brasil é de outra, e eu gosto muito de estudar isto. No curso de dança eu percebo como acontece essa mistura, e de que forma a movimentação corporal adquire características próprias aqui no Brasil. Vou ensinar para meus alunos o que estou aprendendo aqui. Aprendi na Europa a mesma dança que a Deise está ensinando aqui, que utiliza bastões (moçambique de bastões). Mas os europeus são mais rígidos, mais certinhos. Os brasileiros movimentam mais os quadris, têm mais ginga. Apesar de algumas diferenças, existem muitas semelhanças, porque tem a mesma origem. Na verdade, parece que a cultura musical e corporal toda tem uma única identidade. Sentindo isso eu vou passar para os meus alunos um sentido de coletividade, de pertencimento a um único mundo, que é este em que vivemos.

Por Valdir Grandini.
Foto: Renato Seixas.

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