16 de jul. de 2009

O afinador de piano do IX Festival de Música de Ourinhos

Por Marco Aurélio Gomes
Fotos: Tatiana Oliveira


Uma tecla desafinando num piano tira o bom humor de qualquer pianista. Por isto, contar com um bom afinador de piano é fundamental. Isso vem logo à cabeça quando conhecemos o trabalho do afinador José Luiz da Silva. Apesar de ser uma atividade pouco conhecida para quem não tem ligação com o universo da música, a afinação de pianos toma toda a agenda de José Luiz. Além de atender os principais festivais e eventos de música realizados no país, José é o afinador de pianos oficial da Sala São Paulo, a melhor sala de concertos da América Latina, local onde acontecem os ensaios e apresentações da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp.
Quando fala da formação profissional, José afirma que não existem muitas opções no Brasil. Algumas fábricas de pianos oferecem cursos de preparação técnica, rápidos e superficiais, que oferecem apenas algumas noções gerais. “A prática você vai adquirir trabalhando numa boa oficina, não tem outra forma”, explica o afinador, que atende a Secretaria de Cultura de Ourinhos há cerca de quinze anos. Segundo ele, nos Estados Unidos e na Europa existem cursos oficiais, de formação técnica na área.
Sobre a sua própria formação, José Luiz explica que logo que entrou na faculdade surgiu uma oportunidade de fazer um curso de afinação na fábrica de pianos Fritz Dobbert. “Era um curso rápido, de apenas um mês. Gostei muito e segui adiante, estudando. Li muito sobre o assunto e me aperfeiçoei com a ajuda de amigos músicos”, conta José.
Vários afinadores atuam no Brasil, embora nem todos tenham a capacitação necessária para exercer a atividade. “Um mau afinador pode danificar ou mesmo comprometer o instrumento”, diz ele. Não é comum encontrar mulheres nessa área, pelo menos no Brasil. Segundo ele, no exterior isso já é mais comum porque existem muitas mulheres trabalhando na parte técnica das fábricas.
José Luiz não acredita que o afinador de piano deva ser músico. “Não necessariamente; é um trabalho técnico. Eu tenho formação musical, fiz faculdade de música. Não sou pianista, toco um pouquinho, mas fiz composição e regência, paralelamente à atividade de restaurador e afinador de piano. Como fiquei conhecido nessa área, hoje minha dedicação é total”, ele conta, enquanto vai afinando um dos pianos da Escola Municipal de Música.
Para finalizar, José Luiz não dá receitas, mas explica que para ser um bom afinador de piano “basta não ter nenhum problema auditivo. Os funcionários de uma fábrica de pianos não conhecem absolutamente nada de música, mesmo assim afinam os instrumentos com perfeição”.

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